Presidente da CBF demite diretor que é amigo de Ronaldo por justa causa
Ontem às 07:38 AM
Às véspera da eleição para o próximo mandatário da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o presidente Ednaldo Rodrigues demitiu o diretor de comunicação da entidade, Rodrigo Paiva, por justa causa.
Paiva é amigo do ex-jogador Ronaldo Fenômeno, que já anunciou o seu desejo de concorrer à presidência. Pelo estatuto, Rodrigues tem até abril do ano que vem para convocar a eleição.
Rodrigues ficou bastante incomodado pelo fato de Paiva estar acompanhando Ronaldo em alguns compromissos, cujo objetivo do ex-jogador é o de anunciar seu interesse na presidência da CBF.
Rodrigo Paiva é demitido por Edinaldo Rodrigues às véspera do período eleitoral na CBF Eduardo Knapp - 30.jun.2014 Folhapress Um homem está falando em um microfone em uma coletiva de imprensa, com um fundo que exibe o escudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele usa um paletó escuro e uma camisa clara. Ao fundo, há um homem em pé, aparentemente assistindo à coletiva. ** A gota d'água foi a presença de Paiva ao lado de Ronaldo em um almoço com a cúpula da Globo, conforme revelou o jornalista Juca Kfouri.
Paiva estava de férias até o dia 8 de janeiro, mas já foi comunicado do seu desligamento por Rodrigues na quarta-feira (18). O presidente teria utilizado a justificativa de que Paiva cometeu assédio sexual contra uma funcionária da CBF.
Paiva nega que tenha cometido qualquer tipo de assédio.
"Desde que Ronaldo Nazário –com quem tenho uma linda história de amizade e conquistas– lançou oficialmente sua candidatura à presidência da CBF, venho sofrendo uma série de tentativas frustradas de ataques sistemáticos que visam manchar a minha reputação como homem e como profissional", afirmou Paiva, através de nota enviada à reportagem.
Procurada, a assessoria de imprensa da CBF diz que não comenta decisões administrativas.
Em agosto deste ano, o juiz Leonardo Almeida Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, condenou a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a indenizar em R$ 60 mil a ex-diretora Luísa Xavier Rosa, que acusa a entidade de assédio moral e sexual.
O processo tramita em sigilo.
Na ação, ela diz que assediar pessoas, independentemente da natureza do assédio, seria uma regra geral de conduta da CBF comandada por Ednaldo Rodrigues.)
A ex-diretora afirma ainda que o assédio era de conhecimento e praticado por diversos integrantes da cúpula da entidade.
Rosa foi a primeira diretora mulher da história da entidade. Ela foi anunciada para o cargo com pompa pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em abril de 2022, como prova de seu compromisso com a diversidade.
Responsável por supervisionar as obras físicas da sede e de instalações externas, ela ficou na função por apenas 15 meses.
No processo, diz ter sido desautorizada pelo presidente da CBF na contratação de empresas para obras e afirma que teve seus poderes esvaziados, o que a levou a um quadro de depressão.
Também relata episódios de assédio sexual e afirma que ouvia comentários misóginos e inconvenientes, como a contratação de prostitutas para servir os convidados da CBF em eventos–mas sem nomear os autores de tais comentários.
Rosa citou nominalmente nos autos Rodrigo Paiva, diretor de Comunicação, que a convidava para encontros não profissionais em bares e cafés no Leblon. Ele também se referia a ela como "anjo" e "linda".
Nos autos, ela escreveu que tinha Paiva como amigo, "mas não notou , à época, que a relação com ele não passava de mais um episódio de assédio".
A reportagem não conseguiu contato com Rosa.
Galeria Isto é Ednaldo Rodrigues Veja fotos do presidente da CBF https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1713018071887353-isto-e-ednaldo-rodrigues * Em nota, Paiva afirmou, ainda, que em nenhum momento foi intimado pela Justiça e que não faz parte da ação movida por Rosa.
"Especificamente quanto à ação da ex-diretora Luisa Xavier contra a CBF, gostaria de esclarecer que não tenho lugar de fala sobre o tema em questão, uma vez que não sou e jamais fui parte do processo em si, ou em qualquer outro dessa natureza", diz a nota.
"Nunca em toda a minha vida fui alvo de investigação de qualquer espécie e muito menos réu ou condenado em qualquer processo de qualquer natureza", prosseguiu Paiva.